A computação e o armazenamento em nuvem se tornaram populares entre as empresas na última década. Tanto que a estimativa é que esse mercado valha US$ 1,6 trilhão até 2030, segundo projeção da Grand View Research. Mas agora, o setor de TI está passando pelo movimento contrário, uma repatriação de dados da nuvem. Ou seja, as companhias estão voltando a investir em infraestrutura local para serviços de computação e armazenamento. 

Exemplo é que 25% das organizações do Reino Unido saíram da nuvem e voltaram a ter todos os serviços e dados em infraestrutura local, diz pesquisa da Citrix divulgada no início de 2024. O levantamento mostra, ainda, que 93% dos líderes de TI afirmaram ter se envolvido em projetos de repatriação de dados da nuvem nos últimos três anos.

Repatriação de dados da nuvem: por que está acontecendo?

A principal justificativa da tendência é o paradoxo do custo da nuvem, em que os gestores acabam gastando mais do que o esperado com o modelo, que acabou deixando de ser vantajoso. Não à toa, a mesma pesquisa aponta que 43% das empresas alegaram que a migração inicial acabou saindo mais cara do que o planejado.

Na prática, os dispêndios mundiais com serviços de infraestrutura em nuvem aumentaram 34% no primeiro trimestre de 2022, indo de US$ 14 bilhões no período imediatamente anterior para US$ 55,9 bilhões, conforme pesquisa da Canalys.

Vale lembrar, porém, que o custo-benefício depende da realidade de cada companhia. Manter um data center e outros sistemas localmente podem ter custos maiores do que o cloud computing, principalmente para negócios que lidam com um grande volume de dados. 

No caso das organizações que saíram no prejuízo ao apostar no modelo, a análise é a de que faltou planejamento a médio e longo prazo. Para um investimento mais assertivo, é preciso ter previsibilidade das necessidades, senão a escalabilidade pode se tornar uma cilada. 

Ao mesmo tempo, muitas firmas se surpreenderam com os custos ao adotar múltiplas nuvens. Além disso, a complexidade dos modelos de preços e o aumento do consumo de recursos – conforme as operações em nuvem aumentam, o armazenamento e a largura da banda também precisam expandir – tornaram o sistema desvantajoso em muitos casos.

Desafios da repatriação de dados da nuvem

A migração de dados para uma infraestrutura local pode ser desafiadora, exigindo muito planejamento e em alguns casos, altos investimentos financeiros e de tempo. 

É preciso considerar, por exemplo, os gastos com armazenamento, processamento e transporte dos dados, além do gasto com especialistas para gerenciar serviços e dados, e analisar a estrutura de hardware necessária – que também deverá ser comprada ou alugada pela empresa.

Aliás, o processo pode interromper as atividades da companhia enquanto a repatriação não for concluída. Também é necessário considerar aspectos técnicos, como requisitos de conformidade do setor ou país, integração de sistemas e segurança, este essencial durante e após o processo de transferência das informações digitais. 

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